D’ Improviso é um projeto artístico focado na promoção da inclusão sociocultural e sonora através da música e da improvisação criativa. A ASL tem vindo a desenvolver este projeto na cidade de Lisboa desde 2022, tendo envolvido 250 participantes e alcançado mais de 3000 pessoas, em 189 iniciativas realizadas em 5 bairros.
O projeto utiliza diversas ferramentas baseadas na improvisação para fomentar a expressão criativa e combater a exclusão social e cultural. O objetivo principal do projeto é capacitar jovens marginalizados para aumentar a sua participação cultural, o seu conhecimento artístico e as suas competências criativas, através da criação de espaços seguros para experimentação artística, improvisação e colaboração. Este projeto leva os participantes das periferias de Lisboa a palcos no centro da cidade.
A improvisação e a colaboração são vistas como ferramentas essenciais para lidar com o ambiente precário e em constante mudança que caracteriza as sociedades modernas e, em particular, as pessoas marginalizadas e os seus bairros. Estas ferramentas são consideradas fundamentais para encontrar esperança, resiliência e caminhos alternativos para navegar a incerteza e para descobrir recursos inovadores e soluções criativas que respondam a desafios sociais, culturais e económicos em contextos urbanos desfavorecidos. Mais especificamente, contribuem para o empoderamento das pessoas e para o alargamento das suas perspetivas e possibilidades, tanto a nível pessoal como profissional, ao mesmo tempo que ajudam a promover o envolvimento cívico e a ultrapassar limitações frequentes (pessoais e sociais) associadas ao estigma social.
Com isto em mente, o projeto desenvolve atividades que promovem diálogos artísticos amplos e cruzam múltiplas formas de arte, baseando-se na criação de redes informais de cooperação para partilha de conhecimentos e competências entre os participantes. Aproveitando as amplas possibilidades da ‘improvisação’ criativa, convida artistas e educadores consagrados para conduzir diferentes sessões de formação, moldadas de acordo com os interesses e competências dos participantes. Desta forma, as ações participativas do D’ Improviso incluem a co-criação de uma Orquestra de Percussão e Sopros (OPS) em cada bairro participante e o co-desenvolvimento de uma série de iniciativas paralelas, que podem ir desde a promoção de concertos que levam o jazz a estes bairros, a workshops de hip-hop, spoken word e beat making, até à exploração de break dance, graffiti e outras formas de improvisação criativa.
O desenvolvimento simultâneo das OPS em cada bairro participante permite que participantes de diferentes bairros colaborem em iniciativas pontuais, partilhem experiências e toquem juntos/as em apresentações públicas do projeto. Esta ação começa com o desenvolvimento de oficinas para a construção de instrumentos de percussão a partir de materiais reciclados, contribuindo para o desenvolvimento da consciência ecológica de cada participante e estimulando uma primeira abordagem à improvisação criativa através da utilização de materiais do quotidiano para criar instrumentos. Ao mesmo tempo, a grande versatilidade e adaptabilidade dos workshops paralelos aos interesses e características de cada grupo são possibilitadas graças à vasta rede de projetos e parceiros com os quais a ASL está envolvida, que frequentemente partilham valores, objetivos e equipas. Ao incluir este projeto nestas redes, além de expandir as perspetivas da improvisação criativa, pretendemos aumentar o acesso dos participantes a redes profissionais relevantes e a novas oportunidades de trabalho. Em cada bairro, existe uma equipa dedicada de artistas, produtores culturais e educadores que trabalham com os grupos locais para conduzir as sessões da OPS. Os promotores dos workshops paralelos podem circular entre os diferentes bairros.
Assim, o projeto é desenvolvido simultaneamente em 5 bairros, situados fora do centro da cidade de Lisboa, nomeadamente: Lumiar (na Alta de Lisboa), Carnide, Ajuda, Marvila e a zona do Almirante Reis (todos considerados territórios de intervenção prioritária pelo município), tirando partido de relações pré-estabelecidas com as juntas de freguesia locais, a DLBC (rede sediada em Lisboa que apoia o desenvolvimento local de base comunitária) e os grupos comunitários locais. Com o apoio destas entidades, conseguimos reunir novos participantes para cada edição do D’ Improviso e garantir a adequação contextual e a sustentabilidade das estratégias e metodologias do projeto em cada um dos bairros participantes. Ao mesmo tempo, e em todas as suas fases, o projeto é constantemente monitorizado pela equipa da ASL para assegurar a eficácia das ações em curso. Realizámos um trabalho de campo aprofundado em cada um dos bairros participantes, tendo adquirido uma boa perspetiva das principais potencialidades e desafios de cada território, os quais são tidos em conta nas estratégias de implementação do projeto.
Os participantes de cada bairro (jovens a partir dos 12 anos) pertencem maioritariamente a comunidades marginalizadas, incluindo descendentes de africanos, pessoas ciganas e jovens em situação de desvantagem. Através da improvisação criativa, são convidados a partilhar e aprender diferentes competências criativas e a assumir um papel ativo na experimentação de novas formas de fazer as coisas e de se relacionar com o seu ambiente, abrindo novas perspetivas para as suas vidas e para as suas comunidades. Em última análise, a metodologia do D’ Improviso baseia-se no modelo de um estúdio criativo, onde os participantes — com base nos seus conhecimentos, competências e bagagens culturais — são convidados a assumir um papel ativo na criação e adaptação das iniciativas do projeto aos seus interesses, competências e contexto. Combinando sessões teóricas e práticas, a ênfase está em estimular o pensamento criativo e a articulação de diferentes conhecimentos e experiências, como forma de promover a improvisação individual e coletiva enquanto modo de ação criativa. Isto conduz à exploração aberta de novas possibilidades criativas, não prescritivas, que desafiam processos, hierarquias, metodologias e formas de organização individual e coletiva estabelecidas.
Nos anos letivos de 2025/2026 e 2026/2027, as ações do D’ Improviso decorrerão durante 8 meses e todas as atividades serão desenvolvidas nos bairros onde os participantes residem, facilitando o acesso dos participantes às iniciativas do D’ Improviso e contribuindo para gerar efeitos positivos alargados na comunidade envolvente. De forma a estimular o estabelecimento de relações mais próximas entre os participantes, as comunidades locais e as entidades locais, incluímos nas ações do projeto palestras e encontros públicos sobre improvisação e criatividade social, dinamizados pela equipa da ASL. Estas sessões são abertas ao público em geral e têm como objetivo envolver uma audiência diversificada na discussão destes temas, ajudando a construir um maior interesse, redes e apoio em torno das ações e da missão do D’ Improviso.
O D’Improviso teve apoio da CCDR-Lisboa até ao final de 2023.
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